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terça-feira, 26 de maio de 2009

Os lineares são sempre muito estreitos, curtos demais. Estar sobre um – ou vários – é mais do que andar em uma corda suspensa a infinitos metros de altura em relação ao chão: é ter as pernas bambas. Constantemente bambas. E tê-las nesse estado é uma espécie de auto-suicídio, pois a escolha de estar prestes a desabar é exclusivamente sua.

Dizem que as pessoas são loucas: pura verdade.

Todas temem a morte, mas não por amarem demais a vida. Acho que do quê elas realmente gostam é do perigo, do êxtase por ele oferecido. É isso aí, nada como olhar para os próprios pés e ver um mar de arranha-céus explodindo, eclodindo abaixo de você. E o melhor – ter plena consciência de que, a qualquer momento, aquilo tudo pode se destroçar.

Eu estou sobre uma linha manca. Sobre pernas finas e fracas. Ou seria o contrário? Não importa. Ambas podem arrebentar a qualquer momento. Elas estão fundidas - quentes, de um vermelho brilhante e flamejante. A fumaça se solta e chega até meu nariz. “Cheiro estranho, mas não exatamente desconfortável”, penso eu.

Cada passo em direção ao lado oposto sentencia o afunilamento da já tão sensível ponte.
“Íngreme, Íngreme. Deve doer desabar”.

No entanto, sinceramente, não há muito com o que se importar. Cada um está perdido dentro de si e de suas complexidades – ou simplicidades, por que não? E é exatamente nessa perdição que se sustenta uma linha concreta, sem risco de ruptura: a certeza de não ter escapatória.

“Não sei se eu tenho o que quero ou se me agarro àquilo que preciso.”

Mas o importante mesmo é se agarrar muito, muito forte, com unhas e dentes e dedos e pernas e braços. Pois, assim, se sabe: não há como cair.
Dias que parecem tantos e que são tão poucos e frescos