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sábado, 22 de agosto de 2009

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Grace is Gone - DMB


obs: Anônimo, quem é você?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Confissões Adjetivas


Se bem que, para começar, não poderia querer definir a diferença entre o dito “certo” e o “errado”, muito menos estabelecer estreitamento na relação – desejada por todos, então, inexistente – entre tais pontos que a eles lhes cabe a posse.
Ocorreu-me essa ideia quando divagava, aguardando impaciente pelo sono que não vinha, sobre o que fiz ontem – ou há muitos meses atrás – mas que se mantém palpitante na memória de tal modo a se arrastar ao presente e tomar-me conta por inteiro: desde reflexões sobre o que foi feito, como novas atitudes em relação a velhos acontecimentos.
Nesse cenário, pus-me a tencionar sobre o que fiz – e assim deixei simplesmente feito-, e sobre o que fiz e assim não o devia. Este caso, no qual há a exigência da mudança, atingiu-me ao peito com estranhas sufocações e inquietantes culpas de consciência: e então a mim a sentença: erraste!
Mas como poderia ter, assim, feito?
Sei bem ter contrariado a todos os conselhos e conceitos me empurrados goela à baixo quando golfei-os violenta e porcamente sobre as faces julgadoras que se postavam rigidamente diante de mim. “Mas o que havia para ser feito?” Pensei. E então, veio-me a segunda frase: fizeste o que era certo para ti!
E assim volto ao primeiro parágrafo dessa escrita auto biográfica e quase inconsciente: de que profundezas obscuras desenterrei tais adjetivos: certo e errado? Oh! Já estou errada: não poderiam jamais prover de algum lugar profundo qualificações tão superficiais. Sendo assim, refaço: de que superfície esgarçada retirei os conceitos do maniqueísmo? Ah, sim. Agora me parece melhor – quase certo, contraditoriamente.
Sem mais delongas, volto-me ao meu passado tão presente e desejo, ainda assim, ter agido diferente. Não por força do erro ou do acerto, mas sim pela irrevogabilidade que a constante mudança impõe ao meu ser e, sendo assim, é a causadora de profundos arrependimentos e inquietações. Aquilo que, outrora, fora considerado inequívoco, agora se mostra a mim como realmente era: nada, senão inequívoco.
No entanto, no escorrer dos minutos desse tempo que se arrasta, passei a enxergar pontos de equívoco em um todo sem enganos. E não culpo a isso as transgressões temporárias que afetam se não somente a mim, eu que por elas sou susceptível ao encontro e influência.
Eu que tão frágil entrego minhas noites ao mais profundo e inerte devaneio, esse que não é outra coisa além de um reflexo embaçado dessa alma que de límpida e rutilante não há nada: no seu íntimo ela é envolta por uma densa neblina que já não tenho conhecimento se por lá sempre esteve, ou se se agarrou às paredes de minha consciência e pensamento de um modo penetrante.
Veja só!
Já estou eu, novamente, fazendo uso de adjetivos essencialmente antagônicos na tentativa de expressar o que abrigo em mim. Desculpe-me pela falha!
Creio ser uma pessoa adjetiva. Qual outro seria o motivo de tanto utilizar predicativos?
Não que essa afirmação, seguida por uma pergunta, exclua por completo a possibilidade de me ser apenas familiar o hábito de discorrer exaustivamente sobre qualquer questão (seja ela ignóbil ou não). Só me parece mais sonoro e respeitoso a mim dizer que sou adjetiva.
Aliás, é um belo adjetivo dizer-me adjetiva.
Estranho.
Não são apenas os minutos que se escorrem com a vivência: também sinto meus dedos pulsarem inconscientes. Será que finalmente saí de mim? Ah, creio que não, infelizmente. Mesmo que saída tenha sido sempre o que procuro.
Saída não, fuga.
E é fugindo de mim que me calo na noite, em sua calada, para tentar encontrar escapatórias, encontros, despedidos e cumprimentos que não cabem apenas aos caminhos do caso: são propriedades minhas. E não é, se não por isso, que encho meu eu com tanto remorso e tanta solução para tal: primeiro com o errei, depois com o errei por isso ter sido o certo, e, por fim, convencendo-me de que nada pode ser tão, tão antagônico e sem sentido assim.
Mania estranha essa minha de achar causa e efeito pra tudo. Justificativas que cabem em si – e só em si, e logo não me alcançam, pois no meu íntimo continuo a perguntar: Por que fizeste isso, criatura?
“Está feito”, é a resposta do meu eco nada sonoro a mim.
É, está feito.
Mas não nas entranhas da noite.
Elas me são amigas e conselheiras: maiores provas de compaixão que já que recebi. Não a compaixão de Kundera, dizendo que ela atinge a todos de forma irreversível, e sim a verdadeira compaixão: aquela que é marginalizada, sufocada e oprimida.
Então, é assim que me despeço: sem um simples “até” ou um solene “adeus”, mas apenas com um copo de suco de maça à mão, um pijama a me cobrir o corpo, a visão da cama em minhas vistas e a certeza de que mais um momento amigo, apesar de angustiante, está por vir.
Finalmente vou me deitar.