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sábado, 28 de março de 2009

"Oh, meu Romeu! Se me amas de verdade, dize-o sinceramente...
Oh, meu Romeu! Não julgues leviano este amor que descobriste na noite escura...
Oh, meu Romeu! A despedida é tão doce que o esperarei até o romper do dia...
Este botão de amor que floresce agora será uma linda flor na outra vez que nos vermos...
Oh, meu Romeu, abençoada noite, temo que seja um sonho, é bom de mais para ser realidade..."
Fala de Julieta;
Romeu e Julieta, Willian Shakespeare
Foto: Shakespeare in love

quinta-feira, 26 de março de 2009

a-
Ontem meu pai veio com uma história de "eu sei muito bem o que a-con-te-ce - ele foi muito enfático e pontual nessa palavra - nessas festas adolescentes que viram a noite...!" (bufadas) "Depois nós conversaremos, Mariana, e você me contará o que aconteceu por lá..." (expressão de você não me escapará)

Ainda estou pensando se devo falar pro meu pai que o Mário Bros (à altura da foto já sem bigode e chapéu) não se envolve sexualmente com ningué, que duendes não procriam com rainhas de copas (essas que, apropósito, moram num lugar bem longínquo chamado País das Maravilhas) e que garotas Anos 60 são muito antiquadas para sexto antes do casamento.
Ah... quanto àquele cara ali do lado... uhn, ele tava bem moderninho, né... poderia fazer o que bem entendesse. Mas essa parte eu omito.

Pois bem, acho que vou defender essa versão de "personagens são assexuados" pro meu pai, aí vejo no que dá.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ela está parada diante do espelho olhando atentamente para todas as marcas de seu rosto. Observa com incômodo os efeitos causados pela choradeira da noite anterior: os olhos estão inchados, a pele possui alguns coágulos minúsculos e o nariz ainda escorre desenfreadamente.
Sente-se feia, desfigurada.
Pega a cestinha de maquiagem e analisa o que poderia ser usado. Pó, base, blush, rímel, batom... está tudo ali, pronto para disfarçar os sinais de uma madrugada conturbada.
Ela resolve deixar a base e o pó para lá, e começa pelo blush.
Ele é de um tom de rosa avermelhado muito forte. Quando foi comprá-lo, escolheu-o justamente pela cor gritando - estava cansada de se sentir moribunda. Ela o passa em movimentos alongados pelas maçãs do rosto, tomando cuidado para não deixá-las com um aspecto artificial.
Depois abre o rímel "alongador", segura o pincel firmemente com a mão esquerda, abre os olhos, direciona-os para cima e envolve os cílicos em uma mistura escura e pastosa.
Para dar o toque final, o batom. Essa é de fato sua parte predileta. Ele é de uma coloração bem clarinha, porém brilhante, e em sua propaganda estava escrito "aumenta o volume dos lábios em até 70%". Então tira a tampa, gira a parte inferior do batom e o desliza sobre os lábio.
Por fim, passa seu perfume predileto: três borrifadas na região do pescoço e uma em cada pulso. Coloca seu brinco de bolinhas, arruma a franja lamentando-se, como faz diariamente, por não ter um cabelo liso.
Olha-se no espelho.
O reflexo mudara.
Ela adquirira um aspecto bem mais semelhante ao de seus dias de calmaria: está corada, os olhos parecem maiores e a boca está "volumosa" e com um brilho simpático. Está muito, muito bonita na realidade.
Vislumbra-se por uma última vez, arruma as coisas sobre a pia, apaga a luz e vai embora.
Era como se todas as suas dores e aflições tivessem desaparecido. Ela se sentia bem, sentia-se protegida pelo seu disfarce cosmético. Tinha certeza de que ninguém notaria que ela passara por maus bucados.
Com essa sensação ela saiu de casa e cumpriu sua rotina.
No fim do dia, retorna ao banho. Olha-se novamente: ainda está estonteante.
Pega o demaquilante e um algodão. Molha-o e começa a passá-lo pelo rosto. A cada movimento pelo rosto uma tira de coloração suja impregna o aglomerado branco. Faz isso repetidamente e, finalmente, volta-se para o espelho.
Agora, nada mais a protege... as marcas reaparecem e as olheiras estão ainda mais profundas.
Paralisa-se alguns instantes envolvida por aquela imagem.
Ela sofre de novo, chora mais uma vez.
Recolhe-se para o seu quarto de dormir, abraça os joelhos e, pela última vez, mergulha naquela já conhecida escuridão molhada.
É intrigante observar a superficialidade volúvel e notar que, mesmo nela, certos sentimentos podem assumir uma profundidade impossível de se medir.
A dor é, de fato, inexoráverl.

terça-feira, 24 de março de 2009

(Em relação ao texto "O Grito")

Depois de ler esse texto, uma onda de pseudo-esperança percorreu o meu corpo por um longo e prazeroso tempo. Ele é o tipo de crônica com a qual pouca gente concorda, mas que todo mundo gosta .
Não gosta por apenas gostar, mas pela inegável necessidade de que nós, pessoas, temos de sempre nutrir e acariciar aquela parte que nos renova, que nos coloca de pé. O ser humano é (bem, pelo menos EU sou) dependente da renovação - ou do mero reabastecimento - de suas crenças, pois somente elas são capazes de transformar uma realidade massante e irremediável em algo potencialmente diferente.
Quando eu leio que algo grita dentro de mim, acabo me transportando para um local onde as regras são feitas e estabelecidas por mim. Por lá, eu posse ser quem bem entender e, quando sou quem eu quero, me torno alguém inabalável, iderreubável, digamos. Eu simplesmente estou no controle e nele permanecerei.
No entanto, esse Texto, o da Martha, cutucou em mim uma história que, diariamente, eu tento deixar clara e formar uma opinião sobre. Trata-se do tal do maniqueísmo. Será que é realmente possível considerar que existe uma verdade única e absoluta? Dizendo que sim, aceitamos a existência do bom e do errado, do bonito e do feito, não mais em formas subjetivas, mas sim em formas pontuais e universais.
A todo momento eu me deparo com duas versões, duas verdades. Eu assisto à mudança de padrões: posso ver o belo ser transformado em feio, assim como o certo se tornar errado. Torno-me telespectadora de mim mesma em momentos nos quais atuo de maneira que não faria há um ano atrás.
Estou em constante mudança, incorporo-a com propriedade. Para a mudança, na mudança e durante a mudança não há limites excludentes. O colorido mistura-se com o incolor, a maldade é causada pela bondade exagerada e a loucura é causada pela instrução em excesso, o que afasta a alienação. É-se forte o bastante para suportar a insanidade, porém muito fraco para afastá-la.
Há algo que também grita dentro de mim. Não sei se é a verdade, a indecisão ou a mentira, só sei que faz os meus ouvidos doerem e o corpo latejar. Há algo que esfrega pelos cinco sentidos que eu não sei o que fazer; se ajo, foi por mal. Se calo, foi por receio. E o que faço por bem?
Mais uma vez, algo está gritando.

Com sua licença, vou tentar alcamar toda essa histeria.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Grito

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita. [...]
A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única : ninguém tem dúvida sobre si mesmo. [...]
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe. [...]
Marta Medeiros

quarta-feira, 18 de março de 2009

E o quarto sufocara. A respiração parecera ser reprimida lentamente. Fora como se os brônquios, vias, pulmões e todo o resto houvesse se fechado. A visão, latejante, ardera. Os olhos vermelhos marejaram-se pouco a pouco. Ali tudo fora pesado, sóbrio demais, tenso em excesso. As paredes diminuíram lenta e desconfortavelmente num ritmo descompassado. Agoniados, aqueles dois pares de olhos esvaziaram-se e inundaram-se periodicamente, sem nenhum intervalo destoante. Fora aquilo, e o que mais? Só aquilo, talvez.


...

As mãos entrelaçaram-se, quase que lacivas. Inicialmente, ela apertou os próprios dedos pensando ser os dele. Mais tarde, segurou outras mãos, mas que ainda não o pertenciam. Os lábios roçaram-se despudoradamente, aquecendo-se. Os corpos se tocaram de modo frenético, ofegantes, descompassados. Os corações acelerados tamborearam em uníssonos particulares. Estreitos. Estreitas. Sem mais espaços. O calor subiu, flamejou, queimou cada extremidade daquele, então, único ser. Enfim, o ardor.

...


Acorda no meio da madrugada, incomodada com o silêncio. Ao lado os cabelos castanhos repousam languidamente sobre os lençóis bagunçados. Senta-se e observa. Vê aquelas paredes tantas vezes confidentes e que, agora, lhe parecem opressoras, mostrando-lhe forçosamente aquele arfar de outrora. Segura as mãos do outro e as acaricia. Finalmente pode senti-las no seu emaranhado particular. Porém, aquilo que se apresenta de si e sobre si já não diz mais respeito a ela.
Recolhe as roupas, espalha alguns cacos, e, finalmente, vai embora do seu quarto de dormir.